segunda-feira, 15 de março de 2010

daydreams

Observo-me de um jeito assustado. Estou assim, tão forte e tão de repente. Dispo-me dessa pele que me esconde do mundo. Estou nua, tão absurdamente nua. E nem sei de onde surgi, como vim parar no meio de tantas coisas. Balbucio duas ou três palavras, todas elas carregadas de desejos impunes. Há um mapa em branco entre os meus pensamentos. As poesias estão todas sobre a cama, porque quero ler em voz alta. Os livros são testemunhas mudas e inertes de um acto não consumado. E a alegria que me toma de assalto em pleno baile de máscaras. Aquelas outras músicas também calam. Oiço somente melodias que me dizem algo sobre o que sinto por baixo da pele. Permaneço em silêncio, com olhos vidrados. O sono é persona non grata entre estas paredes. Não recuo. Não avanço. Há uma tensão implícita e instigante na ausência do toque, na separação, na gana que me provoca. Ouço tempestades aproximarem-se. É o meu rosnar pacífico de revolta. É o meu caos hormonal lançado contra o mundo. Silêncio ensurdecedor. Minha rendição total. Os livros permanecem testemunhas mudas entre lençóis... memórias que acabo de inventar.

domingo, 14 de março de 2010

cansaço



Às vezes canso-me. Simplesmente canso-me.
Canso-me dos ideais, da política, do conhecimento, das palavras, da calmaria, da turbulência, da paz, da falta, do excesso, da guerra, do quotidiano, da amargura, do domínio, dos sorrisos forçados. Canso-me dos protocolos.
Por isso carrego apenas minhas convicções numa trouxa de retalhos e sigo o rumo do mundo, andando por vezes à margem, por vezes ao centro da estrada que leva ao meu lugar.